A crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus deixou muitos negócios à beira da falência enquanto outros puderam ver suas ações subirem de maneira inesperada e sem previsões de estudos, é o caso do mercado de bicicletas.

Preparada para levar um baque nas vendas do produto, a realidade foi um tanto diferente para um meio de transporte que se tornou altamente popular durante os meses de isolamento social e transportes públicos lotados. Saiba como o mercado de bicicletas enfrentou a pandemia e quais foram os fatores que impulsionaram essas novas tendências.

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Como o mercado de bicicletas enfrentou a crise da pandemia?

Quando o lockdown foi anunciado em diversos estados, milhares de brasileiros passaram meses trancafiados em casa tendo que lidar com a ausência de suas rotinas de exercício em parques e academias. Para tentar vencer o sedentarismo, diversas pessoas acabaram consumindo aplicativos de exercícios em casa ou ainda pensarem em começar a pedalar.

Antigos e novos adeptos recorreram ao comércio online para garantir esse novo meio de transporte e atividade física, como alternativa ao fechamento de lojas físicas e comércio, fazendo com que o mercado de bicicletas fosse pego de surpresa com uma alta demanda não conseguindo dar conta de atender todos os pedidos.

Alta demanda por bicicletas levou a escassez do mercado

Sem prever que uma alta nos pedidos fosse, de fato, ocorrer, fornecedores e fabricantes do mercado de bicicletas acabaram sofrendo com a escassez de produtos e matéria prima para cumprir com as demandas solicitadas. Isso se deve ao fato de que, no caso de peças ou marcas importadas, a entrega depende da regularização de horário dos portos, que também sofreram com a flexibilização e redução de funcionários durante a pandemia.

Entretanto, a alta demanda passa longe de ser um problema somente na demanda de produtos, lojas especializadas em manutenção e reparo nas bicicletas também vem sofrendo com o serviço muitas vezes triplicado do que o usual. Se por um lado isso também pode ser positivo para que os funcionários mantenham seus empregos, por outro, a falta de planejamento e visão faz com que esses empreendimentos não consigam atender a todos os clientes.

Como consequência, o mercado de bicicletas teve que reaver suas prioridades e tentar aumentar suas estruturas para melhor atender os consumidores, o que pode ser um desafio durante a pandemia.

Seria a bicicleta o novo transporte público?

Muito já se propaga sobre o movimento de ciclistas a favor da redução da poluição gerada por carros e ônibus nos grandes centros urbanos, estimulando a população a buscar alternativas mais sustentáveis como a bicicleta por exemplo, um momento que talvez tenha chegado para ficar.

Apesar da preocupação com o meio ambiente, outro fator que pode explicar a adesão é a alta de 30% no valor dos automóveis no Brasil, muito impulsionado pela alta do dólar. Embora a moeda americana também afete o valor das bicicletas, esse meio de locomoção ainda é bem mais barato se comparado aos demais citados.

No entanto, para manter o mercado de bicicletas aquecido durante a pandemia e depois dela, novas estratégias precisarão ser pensadas para que a falta de matéria-prima não afete os ganhos e faça com que revendedores entrem em uma crise financeira por não conseguirem cumprir com todos os pedidos na loja.

O futuro do mercado das bicicletas

A surpresa com a alta demanda já vem sendo superada entre os especialistas desse mercado, o foco agora é pensar no marketing e nas estratégias para manter as vendas positivas mesmo depois do fim da crise sanitária.

Uma matéria divulgada pelo Projeto Colabora mostra como grandes cidades ao redor do mundo estão lidando com o aumento de ciclistas durante a pandemia. Em Milão, a prefeitura ampliou sua ciclovia para dar conta da população que passou a se exercitar ao ar livre durante o fechamento de academias e aqueles que passaram a utilizar sua bicicleta para irem trabalhar durante a semana.

Essa reorganização urbana a favor das bicicletas pode ser uma das estratégias a serem articuladas pelo mercado junto ao governo local, provando para a administração pública que o investimento em ciclovias pode ter um bom retorno financeiro aos cofres públicos, além de ajudar a desafogar um pouco mais o trânsito.

Além disso, a alta do mercado de bicicletas também precisa contar com um estudo sobre seu público-alvo. Muito já se sabe sobre os ciclistas recreativos e profissionais, mas é chegado o momento de lidar com outras personas além dessas. Como chegar até elas de maneira efetiva é um dos grandes passos que os empresários precisarão dar neste momento, valorizando não só o período, mas mantendo o orçamento regulado nos momentos de sazonalidade, como é o caso da escassez de produtos.

Com o incentivo governamental, fabricantes de peças e acessórios para as bikes também podem aumentar sua capacidade de produção, algo que acaba sendo bastante positivo pela geração de emprego e renda que esse mercado pode ser capaz de gerar nos próximos anos.

De qualquer maneira, podemos compreender que o investimento nas bicicletas podem trazer enormes contribuições positivas para a sociedade, especialmente no cuidado à saúde em um momento de maior atenção.